A fina sobrancelha desenhada em um rosto enrugado e sem maquiagem: vaidade. Não importa se a vida encaminhou um destino torto. Não que ela quisesse andar dia-a-dia com aquele macacão verde ou alguma das camisetas que ganhou durante a campanha eleitoral – não implicava, usava tanto a vermelha quanto a azul. Mas as melhores roupas ela guardava para os bailes de domingo à tarde, na cidade vizinha.
Era todo domingo. Gastava pouco. Almoçava em casa, sozinha. Arrumava o cabelo curto e cacheado. Tintura em dia. A gola canoa da blusa cor vinho deixava entrever a asinha de um anjo tatuado no ombro.
Às três da tarde entrava no ônibus de linha. Depois, um urbano. No baile sempre havia quem pagasse o que ela consumia. Pouco. Geralmente uma coca-cola 350ml. Cada domingo, fazia um novo amigo. Achava que não tinha mais idade pra “se compromissar”. Depois, não depositava tanta fé nos amigos de domingo à tarde. Eles geralmente não voltavam ao mesmo baile.
Dançava por um longo tempo – aguentava bem por causa do trabalho na rua – e sentava pra conversar. Falava o que fosse: novela, notícias... Trabalho, não.
Com o ônibus das 18h45min voltava pra casa. Tirava um cochilo. Em casa, assistia ao Fantástico jantando sozinha. Antes de dormir, tomava um bom banho e lembrava que na segunda-feira voltava a varrer as ruas. Sem maquiagem, só a sobrancelha se mantinha.
Era todo domingo. Gastava pouco. Almoçava em casa, sozinha. Arrumava o cabelo curto e cacheado. Tintura em dia. A gola canoa da blusa cor vinho deixava entrever a asinha de um anjo tatuado no ombro.
Às três da tarde entrava no ônibus de linha. Depois, um urbano. No baile sempre havia quem pagasse o que ela consumia. Pouco. Geralmente uma coca-cola 350ml. Cada domingo, fazia um novo amigo. Achava que não tinha mais idade pra “se compromissar”. Depois, não depositava tanta fé nos amigos de domingo à tarde. Eles geralmente não voltavam ao mesmo baile.
Dançava por um longo tempo – aguentava bem por causa do trabalho na rua – e sentava pra conversar. Falava o que fosse: novela, notícias... Trabalho, não.
Com o ônibus das 18h45min voltava pra casa. Tirava um cochilo. Em casa, assistia ao Fantástico jantando sozinha. Antes de dormir, tomava um bom banho e lembrava que na segunda-feira voltava a varrer as ruas. Sem maquiagem, só a sobrancelha se mantinha.