Gatuno, saiu pela janela e subiu a árvore. Na tentativa de alcançar o chão, titubeou em um dos galhos e as pernas estremeceram. Amorteceu e seguiu. Precisava ir embora. Desmanchar-se por uma nova estrada. Refazer-se. Era sempre assim. Não tinha ninguém. Morava só. Mas precisou de uma saída mais triunfal. Já no chão, puxou o ar com força pelas narinas. Esticou os braços ao alto e deixou-se desabar na grama de bruços. Sentiu a terra abraçando seu corpo como se fosse areia movediça. Rolou para o lado. Olhou para o céu. Gritou tudo o que tinha dentro do peito.
Levantou. Suspirou ansioso e alegre. As contas estavam zeradas. Viu-se como um artista de circo. Os passos começaram suaves e ritmados. Era o final da tarde de um céu azul. Foi sumindo. Em direção ao sol, contrastando com a luz. Pelas costas, dava pra enxergar seu sorriso.