quarta-feira, 2 de setembro de 2009
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Ritmo
Meus pés eram dois complexados. Sim, os dois. Eles jamais andavam juntos. Mesmo que eles fossem na mesma direção, um sempre chegaria antes que o outro. E eles só sabiam andar e queriam mesmo era andar lado a lado, porque andar era o ritmo que os dois mais gostavam. Mas essas coisas só podiam contar um para outro quando dormiam.
Vendo que o complexo de meus pés aumentava a cada dia, resolvi buscar uma solução. Percebendo que nem uma alteração da gravidade faria com que meus pés andassem juntos, fui buscar pés de outras pessoas para fazer companhia a eles.
Encontrei outros dez pés, junto aos meus, eram doze. Meus pés, que só sabiam caminhar, foram compassando com os outros pés que os ensinaram outros ritmos.
Os outro pés trouxeram rock, jazz e funk e saíram caminhando com os meus numa levada de groove, Hábitos Groove...
Vendo que o complexo de meus pés aumentava a cada dia, resolvi buscar uma solução. Percebendo que nem uma alteração da gravidade faria com que meus pés andassem juntos, fui buscar pés de outras pessoas para fazer companhia a eles.
Encontrei outros dez pés, junto aos meus, eram doze. Meus pés, que só sabiam caminhar, foram compassando com os outros pés que os ensinaram outros ritmos.
Os outro pés trouxeram rock, jazz e funk e saíram caminhando com os meus numa levada de groove, Hábitos Groove...
sexta-feira, 24 de julho de 2009
sábado, 30 de maio de 2009
Ansiedade
Ela acordou às 16h40min. Tinha tentado assistir à Sessão da Tarde, mas o filme deu sono. Era muito urbano. Tirou o pijama cor de rosa desbotado. A transparência que o tecido carregava era de tanto ter sido usado. Na última porta do armário, detrás das blusas de tricô, tirou o uniforme da escola em que estudara durante onze anos. Vestiu.
Na cozinha, pegou da fruteira amarela uma maçã. Na mochila azul, pôs a agenda e guardou a fruta metade vermelha, metade verde.
Desceu as escadas, abriu o portão da garagem e entrou no 147. Era velho e arranhado, quase todo original. Não que ela se importasse. Gostava da função que ele tinha e como bem a atendia. Com poucas manobras, tirou-o da garagem e foi em direção à escola.
Chegou eram 17h12min. Queria curtir a turma dos “pequenos” saindo. Botou a mochila e saiu do Fiat. Enquanto aguardava a sineta bater, às 17h35min, a “saída dos grandes”, ela puxou do bolso externo da calça um amarrador de cabelo feito com a barra da meia fio15 da mãe. Tirou o par, que amarrava os cabelos. Dividiu os fios castanhos ao meio e amarrou em duas vezes.
Um ônibus chegou. Ela esperava o segundo.
Bateu. A segunda lotação chegou. Misturada aos uniformes dos colegas ela atravessou a movimentação na rua e embarcou no ônibus. Depois de uns dez bancos ainda vazios, ela sentou. Escorou a cabeça, na janela, claro.
O ônibus começou a rodar. O olhar deixou-se levar. Vagou pela paisagem dourada dos parreirais que contornavam a estrada estreita e sinuosa. Um capitel a Santo Antonio e pequenas casas com jardins de rosas quebravam a visão contínua da natureza. Cães e gatos misturavam-se às galinhas em uma das moradias.
Quando avistou a vinícola, de súbito, desgrudou a cabeça da janela. Puxou a campainha repentinamente e, um pouco desequilibrada, segurou a corda por longo tempo.
Com a mochila escorrida em um dos braços, titubeou pelo corredor. Entregou a passagem para o motorista e desembarcou. Ajeitou a mochila nas costas e respirou fundo aquele ar puro da colônia. A noite descia.
Andou durante oito minutos pela estrada de terra e pouco cascalho. Ouviu ao longe o ta-tá. Mais perto, avistou a casa de tijolo à vista. A respiração estava diferente. Na porta, bateu três pequenos socos. Recebida pela Giuditta, matou. A saudade, claro.
Na cozinha, pegou da fruteira amarela uma maçã. Na mochila azul, pôs a agenda e guardou a fruta metade vermelha, metade verde.
Desceu as escadas, abriu o portão da garagem e entrou no 147. Era velho e arranhado, quase todo original. Não que ela se importasse. Gostava da função que ele tinha e como bem a atendia. Com poucas manobras, tirou-o da garagem e foi em direção à escola.
Chegou eram 17h12min. Queria curtir a turma dos “pequenos” saindo. Botou a mochila e saiu do Fiat. Enquanto aguardava a sineta bater, às 17h35min, a “saída dos grandes”, ela puxou do bolso externo da calça um amarrador de cabelo feito com a barra da meia fio15 da mãe. Tirou o par, que amarrava os cabelos. Dividiu os fios castanhos ao meio e amarrou em duas vezes.
Um ônibus chegou. Ela esperava o segundo.
Bateu. A segunda lotação chegou. Misturada aos uniformes dos colegas ela atravessou a movimentação na rua e embarcou no ônibus. Depois de uns dez bancos ainda vazios, ela sentou. Escorou a cabeça, na janela, claro.
O ônibus começou a rodar. O olhar deixou-se levar. Vagou pela paisagem dourada dos parreirais que contornavam a estrada estreita e sinuosa. Um capitel a Santo Antonio e pequenas casas com jardins de rosas quebravam a visão contínua da natureza. Cães e gatos misturavam-se às galinhas em uma das moradias.
Quando avistou a vinícola, de súbito, desgrudou a cabeça da janela. Puxou a campainha repentinamente e, um pouco desequilibrada, segurou a corda por longo tempo.
Com a mochila escorrida em um dos braços, titubeou pelo corredor. Entregou a passagem para o motorista e desembarcou. Ajeitou a mochila nas costas e respirou fundo aquele ar puro da colônia. A noite descia.
Andou durante oito minutos pela estrada de terra e pouco cascalho. Ouviu ao longe o ta-tá. Mais perto, avistou a casa de tijolo à vista. A respiração estava diferente. Na porta, bateu três pequenos socos. Recebida pela Giuditta, matou. A saudade, claro.
terça-feira, 19 de maio de 2009
Morando no ar
A pequena e colorida casa da menina ficava à beira de uma longa estrada de chão. Nem tão distante da árvore que dava amarelas frutinhas, passava todo dia uma Maria Fumaça. Seu Martín passeava em frente à casa todo o sábado. A menina corria e pedia a ele que lhe contasse uma nova história. Naquele sábado, a menina sentia-se especial. Sua mãe fazia um delicioso bolo.
Ela foi até o jardim. Intrínseco com suas rosas azuis. Sentou-se no balanço de metal que havia sido pintado de branco e ficou a esperar seu velho amigo que lhe contaria mais uma história. Então, pôs-se a balançar com força...
Seu Martín apareceu. Com seu rasgado e rebatido sobretudo de lã, sua calça xadrez e sua bota sete-léguas. As botas... Havia vezes em que a menina perdia a atenção da história com o olhar fixo nas botas de Seu Martín. Como ela gostava daquelas botas... Seu Martín, escorado na imensa árvore que nunca havia dado nenhum fruto, esperou que a Maria Fumaça passasse por ali. Os dois não tinham trocado uma palavra sequer. A Maria se foi. O apito cada vez mais longínquo. Não podiam mais ver Maria. Mas a emissão do som daquele apito que se afastava fazia seu olhar permanecer fixo na floresta a qual Maria adentrara, como se, pelo som, pudessem ver o doce trem.
A menina arregalou seus cintilantes olhos verdes para Martín, ele entendeu o pedido e começou:
“Muito bem menina. Hoje, contar-lhe-ei uma última história. Uma curta e última história. A história de uma menina como tu. Cabelos tão compridos quanto os teus. Desejos que aparentavam ser impossíveis... Como os teus. Numa tarde ensolarada de inverno ela decidiu que iria sumir. Foi até o galpão. Procurava os antigos pertences da avó. Revirou o velho beliche. Tirou todas as caixas de brinquedos. Desmanchou as pilhas de cadeiras. E afastou as caixas com as cartas nunca enviadas de seu tio avô. Até que encontrou duas grandes malas de madeira. Tirou o primeiro antiquário. Um vestido verde da década de 50. Vestiu. Foi até a vitrola. Ligou. Billy Holiday. Ficou girando com aquele vestido. Voltou até a mala e tirou outras peças. Não encontrou o livro de magia. Mas no fundo da mala, estava um pequenino frasco colorido. Ela não sabia o que tinha dentro dele. E mesmo assim, o abriu...”
O bolo estava pronto. A mãe da menina foi servi-lo lá no jardim. Quando aproximou-se do balanço, suas mãos deixaram que o bolo caísse aos seus pés. O balanço havia arrebentado. A menina? Havia sumido. A mãe? Correu até os trilhos da Maria Fumaça. Ela não demoraria a passar...
Ela foi até o jardim. Intrínseco com suas rosas azuis. Sentou-se no balanço de metal que havia sido pintado de branco e ficou a esperar seu velho amigo que lhe contaria mais uma história. Então, pôs-se a balançar com força...
Seu Martín apareceu. Com seu rasgado e rebatido sobretudo de lã, sua calça xadrez e sua bota sete-léguas. As botas... Havia vezes em que a menina perdia a atenção da história com o olhar fixo nas botas de Seu Martín. Como ela gostava daquelas botas... Seu Martín, escorado na imensa árvore que nunca havia dado nenhum fruto, esperou que a Maria Fumaça passasse por ali. Os dois não tinham trocado uma palavra sequer. A Maria se foi. O apito cada vez mais longínquo. Não podiam mais ver Maria. Mas a emissão do som daquele apito que se afastava fazia seu olhar permanecer fixo na floresta a qual Maria adentrara, como se, pelo som, pudessem ver o doce trem.
A menina arregalou seus cintilantes olhos verdes para Martín, ele entendeu o pedido e começou:
“Muito bem menina. Hoje, contar-lhe-ei uma última história. Uma curta e última história. A história de uma menina como tu. Cabelos tão compridos quanto os teus. Desejos que aparentavam ser impossíveis... Como os teus. Numa tarde ensolarada de inverno ela decidiu que iria sumir. Foi até o galpão. Procurava os antigos pertences da avó. Revirou o velho beliche. Tirou todas as caixas de brinquedos. Desmanchou as pilhas de cadeiras. E afastou as caixas com as cartas nunca enviadas de seu tio avô. Até que encontrou duas grandes malas de madeira. Tirou o primeiro antiquário. Um vestido verde da década de 50. Vestiu. Foi até a vitrola. Ligou. Billy Holiday. Ficou girando com aquele vestido. Voltou até a mala e tirou outras peças. Não encontrou o livro de magia. Mas no fundo da mala, estava um pequenino frasco colorido. Ela não sabia o que tinha dentro dele. E mesmo assim, o abriu...”
O bolo estava pronto. A mãe da menina foi servi-lo lá no jardim. Quando aproximou-se do balanço, suas mãos deixaram que o bolo caísse aos seus pés. O balanço havia arrebentado. A menina? Havia sumido. A mãe? Correu até os trilhos da Maria Fumaça. Ela não demoraria a passar...
sexta-feira, 8 de maio de 2009
terça-feira, 14 de abril de 2009
marca
A fina sobrancelha desenhada em um rosto enrugado e sem maquiagem: vaidade. Não importa se a vida encaminhou um destino torto. Não que ela quisesse andar dia-a-dia com aquele macacão verde ou alguma das camisetas que ganhou durante a campanha eleitoral – não implicava, usava tanto a vermelha quanto a azul. Mas as melhores roupas ela guardava para os bailes de domingo à tarde, na cidade vizinha.
Era todo domingo. Gastava pouco. Almoçava em casa, sozinha. Arrumava o cabelo curto e cacheado. Tintura em dia. A gola canoa da blusa cor vinho deixava entrever a asinha de um anjo tatuado no ombro.
Às três da tarde entrava no ônibus de linha. Depois, um urbano. No baile sempre havia quem pagasse o que ela consumia. Pouco. Geralmente uma coca-cola 350ml. Cada domingo, fazia um novo amigo. Achava que não tinha mais idade pra “se compromissar”. Depois, não depositava tanta fé nos amigos de domingo à tarde. Eles geralmente não voltavam ao mesmo baile.
Dançava por um longo tempo – aguentava bem por causa do trabalho na rua – e sentava pra conversar. Falava o que fosse: novela, notícias... Trabalho, não.
Com o ônibus das 18h45min voltava pra casa. Tirava um cochilo. Em casa, assistia ao Fantástico jantando sozinha. Antes de dormir, tomava um bom banho e lembrava que na segunda-feira voltava a varrer as ruas. Sem maquiagem, só a sobrancelha se mantinha.
Era todo domingo. Gastava pouco. Almoçava em casa, sozinha. Arrumava o cabelo curto e cacheado. Tintura em dia. A gola canoa da blusa cor vinho deixava entrever a asinha de um anjo tatuado no ombro.
Às três da tarde entrava no ônibus de linha. Depois, um urbano. No baile sempre havia quem pagasse o que ela consumia. Pouco. Geralmente uma coca-cola 350ml. Cada domingo, fazia um novo amigo. Achava que não tinha mais idade pra “se compromissar”. Depois, não depositava tanta fé nos amigos de domingo à tarde. Eles geralmente não voltavam ao mesmo baile.
Dançava por um longo tempo – aguentava bem por causa do trabalho na rua – e sentava pra conversar. Falava o que fosse: novela, notícias... Trabalho, não.
Com o ônibus das 18h45min voltava pra casa. Tirava um cochilo. Em casa, assistia ao Fantástico jantando sozinha. Antes de dormir, tomava um bom banho e lembrava que na segunda-feira voltava a varrer as ruas. Sem maquiagem, só a sobrancelha se mantinha.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
devolve moço
gosto:
Devolve moço
Ana Cañas
Existe aqui uma mulher
Uma bruxa, uma princesa
Uma diva, que beleza!
Escolha o que quiser
Mas ande logo
Vá depressa
Nem se atreva
A pensar muito
O meu universo
Ainda despreza
Quem não sabe
O que quer...
Meu coração
Eu pus no bolso
Mas apareceu um moço
Que tirou ele dali
Não!
Isso não é engraçado
Um coração, assim, roubado
Bate muito acelerado...
Devolve, moço
Devolve, moço
O meu coração
No bolso...
Ana Cañas
Existe aqui uma mulher
Uma bruxa, uma princesa
Uma diva, que beleza!
Escolha o que quiser
Mas ande logo
Vá depressa
Nem se atreva
A pensar muito
O meu universo
Ainda despreza
Quem não sabe
O que quer...
Meu coração
Eu pus no bolso
Mas apareceu um moço
Que tirou ele dali
Não!
Isso não é engraçado
Um coração, assim, roubado
Bate muito acelerado...
Devolve, moço
Devolve, moço
O meu coração
No bolso...
terça-feira, 7 de abril de 2009
samba
♪
Eu vou deixar
de viver em sociedade
Vou morar no fusca
Só eu e meu violão
Vou comer no botequim
Vou tocar na rua
E vou cantar
só na tua janela... ia, ia!
♪
Eu vou deixar
de viver em sociedade
Vou morar no fusca
Só eu e meu violão
Vou comer no botequim
Vou tocar na rua
E vou cantar
só na tua janela... ia, ia!
♪
segunda-feira, 23 de março de 2009
quinta-feira, 12 de março de 2009
♪ maria e a padaria
Corre para clarear
Foge para o escurecer esquecer
Ela só queria libertar sua cabeça
de tudo o que era duvidoso
de tudo o que a afligia
todo dia, todo dia
Era mais uma Maria
Tinha problemas como todo João
e se questionava para todo Zé
O que não sabia
era que tudo se resolveria...
Bastava que Maria
esquecesse da rotina
Durante o dia, ela devia trabalhar
Mas ao sair da padaria,
ela viraria outra mulher
Tirou o gorro e usou sorriso
Tirou o jaleco para poder abraçar
Para ir até em casa
Ela correu para espairecer
E no escurecer da noite,
esqueceu que era empregada.
Sorriu para o marido
e brincou com as crianças
No dia seguinte,
mesmo no trabalho,
ela sentiu-se outra Maria.
Foge para o escurecer esquecer
Ela só queria libertar sua cabeça
de tudo o que era duvidoso
de tudo o que a afligia
todo dia, todo dia
Era mais uma Maria
Tinha problemas como todo João
e se questionava para todo Zé
O que não sabia
era que tudo se resolveria...
Bastava que Maria
esquecesse da rotina
Durante o dia, ela devia trabalhar
Mas ao sair da padaria,
ela viraria outra mulher
Tirou o gorro e usou sorriso
Tirou o jaleco para poder abraçar
Para ir até em casa
Ela correu para espairecer
E no escurecer da noite,
esqueceu que era empregada.
Sorriu para o marido
e brincou com as crianças
No dia seguinte,
mesmo no trabalho,
ela sentiu-se outra Maria.
quinta-feira, 5 de março de 2009
quarta-feira, 4 de março de 2009
música difícil
Um anúncio na página do MySpace convida: Já imaginou tocar ao lado do Paulo Cremona? Mas isso não basta, é preciso explicar: Já imaginou tocar ao lado do Paulo Cremona, finalista do ídolos? Humm... O finalista do ídolos?
Sigo para YouTube para saber quem é esse cara que teve ‘tanta’ mídia no programa do canal sbt. Certo, eu não dou audiência para o canal. Mas se o anúncio tinha que explicar, parece que tocar com o Paulo Cremona não é tudo o que um músico quer.
Mas, o imaginário de alguns oportunistas pode ficar instigado e começar a arquitetar que a TV, as rádios e os jornais estarão lá. Não importa se o público dele vai gostar da banda ainda anônima, de repente a televisão diga o nome da banda de abertura, edite um trechinho de uma canção, divulgue uma fotografia. Não importa se o público dele vai se atrair pelo o que a banda desconhecida produz. Importa, sim, que ele é Paulo Cremona. Sim! O finalista dos ídolos!
Enfim, o YouTube carrega e escuto Paulo Cremona cantando o velhopopromânticomelacueca do Roupa Nova, Volta pra mim. “Eu te amo e vou gritar pra todo mundo ouvir”, lembram? Será que o sonho do finalista do ídolos era tocar com a banda formada na década de 1980 e que ainda hoje encontra-se em plena atividade?
Coitado. O finalista do ídolos não tem nem um clipe com uma produção – se quer –maisoumenos. São montagens de fotos ou gravações de câmeras digitais comuns. Aí pergunto: valeu a pena cantar as músicas do Exaltasamba e do Roupa Nova na TV? Afinal, o que o Paulo Cremona faz?
Sigo para YouTube para saber quem é esse cara que teve ‘tanta’ mídia no programa do canal sbt. Certo, eu não dou audiência para o canal. Mas se o anúncio tinha que explicar, parece que tocar com o Paulo Cremona não é tudo o que um músico quer.
Mas, o imaginário de alguns oportunistas pode ficar instigado e começar a arquitetar que a TV, as rádios e os jornais estarão lá. Não importa se o público dele vai gostar da banda ainda anônima, de repente a televisão diga o nome da banda de abertura, edite um trechinho de uma canção, divulgue uma fotografia. Não importa se o público dele vai se atrair pelo o que a banda desconhecida produz. Importa, sim, que ele é Paulo Cremona. Sim! O finalista dos ídolos!
Enfim, o YouTube carrega e escuto Paulo Cremona cantando o velhopopromânticomelacueca do Roupa Nova, Volta pra mim. “Eu te amo e vou gritar pra todo mundo ouvir”, lembram? Será que o sonho do finalista do ídolos era tocar com a banda formada na década de 1980 e que ainda hoje encontra-se em plena atividade?
Coitado. O finalista do ídolos não tem nem um clipe com uma produção – se quer –maisoumenos. São montagens de fotos ou gravações de câmeras digitais comuns. Aí pergunto: valeu a pena cantar as músicas do Exaltasamba e do Roupa Nova na TV? Afinal, o que o Paulo Cremona faz?
segunda-feira, 2 de março de 2009
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
fala.
Ficou com vergonha de falar. Por bobeira que dá na hora. Parecia que quem estava diante dela não podia ouvir. Não sabia ouvir. Não falou. Por bobeira. E se arrependeu. Sabia. Depois teria que contornar a desculpa mal dada. Era só falar.
Não enrola. Fala. Ponto.
♪ Eu não sei dizer nada por dizer
Então eu escuto
Se você disser tudo o que quiser
Então eu escuto
Fala
Lalalalalalalalalá
Fala
Se eu não entender, não vou responder
Então eu escuto
Eu só vou falar na hora de falar
Então eu escuto
Fala ♪
♪secos e molhados♪
Não enrola. Fala. Ponto.
♪ Eu não sei dizer nada por dizer
Então eu escuto
Se você disser tudo o que quiser
Então eu escuto
Fala
Lalalalalalalalalá
Fala
Se eu não entender, não vou responder
Então eu escuto
Eu só vou falar na hora de falar
Então eu escuto
Fala ♪
♪secos e molhados♪
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
carona
O menino chegou apressado ao ponto de ônibus. Pediu para um. Perguntou para outro. Nada. Então sentou-se no pequeno espaço que restava no banco do ponto. Não notou a velhinha ao seu lado. Baixou a cabeça. Era tristonho. A velhinha tinha o olhar fixo nele.
“Tão pequeno... Onde estaria sua mãe”, ela pensava.
Eis que, ao perceber sua presença, ele se vira para ela e pergunta:
- A senhora em um drops?
Silenciosa e pensativa ela coloca a mão direita dentro da bolsa – ainda com aparência de nova, mas adquirida já há umas quatro décadas – e fica a revirá-la. Entre carteira, o batom suavemente rosa, o pente e remédios para o coração, ela encontra o saco plástico com as balas que comprara no Armazém do Zeca. Ela tira uma. A embalagem é verde-musgo, com escritos em amarelo.
- Tenho estas, de menta, filho – deixa escapar.
- A senhora não é minha mãe! – diz o guri com ar valente e continua – Aliás, eu não tenho mãe!
- Tudo bem – ela devolve – eu também não tenho filho
- E filha, tu tem? – questiona ele pegando a bala da mão dela.
- Também não – ela responde.
“Como uma pessoa com a idade dela pode não ter filhos” – divaga o menino enquanto seus cabelos lhe caem sobre os olhos e ele desembrulha o doce que acabara de ganhar e o coloca na boca.
Era mania dele, colocava as balas sob a língua. Salivava bastante pra parecer que tomava um suco adocicado.
Passou o primeiro ônibus. As pessoas embarcaram e lotaram o transporte. Apesar do vento que gelava o rosto, tanto ele, como a senhora, preferiram aguardar a próxima embarcação, que chegou minutos depois, quando o sol já tornara o vento mais quente.
Desta vez, o transporte estava vazio. Os afobados estavam todo na primeira lotação. O menino subiu na frente e parou no primeiro degrau. Como um cortesão de boas maneiras, estendeu a mão para a velhinha para que ela também adentrasse.
...
“Tão pequeno... Onde estaria sua mãe”, ela pensava.
Eis que, ao perceber sua presença, ele se vira para ela e pergunta:
- A senhora em um drops?
Silenciosa e pensativa ela coloca a mão direita dentro da bolsa – ainda com aparência de nova, mas adquirida já há umas quatro décadas – e fica a revirá-la. Entre carteira, o batom suavemente rosa, o pente e remédios para o coração, ela encontra o saco plástico com as balas que comprara no Armazém do Zeca. Ela tira uma. A embalagem é verde-musgo, com escritos em amarelo.
- Tenho estas, de menta, filho – deixa escapar.
- A senhora não é minha mãe! – diz o guri com ar valente e continua – Aliás, eu não tenho mãe!
- Tudo bem – ela devolve – eu também não tenho filho
- E filha, tu tem? – questiona ele pegando a bala da mão dela.
- Também não – ela responde.
“Como uma pessoa com a idade dela pode não ter filhos” – divaga o menino enquanto seus cabelos lhe caem sobre os olhos e ele desembrulha o doce que acabara de ganhar e o coloca na boca.
Era mania dele, colocava as balas sob a língua. Salivava bastante pra parecer que tomava um suco adocicado.
Passou o primeiro ônibus. As pessoas embarcaram e lotaram o transporte. Apesar do vento que gelava o rosto, tanto ele, como a senhora, preferiram aguardar a próxima embarcação, que chegou minutos depois, quando o sol já tornara o vento mais quente.
Desta vez, o transporte estava vazio. Os afobados estavam todo na primeira lotação. O menino subiu na frente e parou no primeiro degrau. Como um cortesão de boas maneiras, estendeu a mão para a velhinha para que ela também adentrasse.
...
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
A sabedoria viaja com a idade
- Ninguém pensa na velhice quando é jovem... – pausa – ...e nem deve pensar.
- Deve haver alguma coisa boa em envelhecer.
- Não é bom ser cego e coxo ao mesmo tempo, mas na minha idade vi quase tudo que a vida tem para mostrar. Sei separar o joio do trigo e não me preocupar com bobagens.
O estereotipo perfeito de jovem babaca norte-americano se intromete na conversa:
- Então... O que é o pior da velhice, Alvin?
- O pior da velhice... é lembrar da juventude.
Silêncio.
É por diálogos ricos como este que vale a pena assistir ao drama dirigido por David Lynch há 10 anos. A história real, como o nome deixa claro, é um filme baseado em fatos reais. Quando descobre que seu irmão teve um derrame, Alvin (Richard Farnsworth), um senhor de 73 anos, que sofre de artrite e pouco enxerga, resolve que precisa reaver seu amor pelo irmão, após 10 anos brigados.
Sem poder dirigir e com certa aversão a andar de ônibus, ele parte de uma pequena comunidade rural da cidade de Laurens, no estado de Iowa, para viajar até Monte Zyon, Winsconsin, em um cortador de grama John Deere, 1966. Uma viagem de mais de seis semanas em um cortador de grama puxando um pequeno trailer.
Acompanhar uma viagem dessas dá muito o que pensar. Não espere dele uma resposta exata. Mostra como o tempo pode ensinar muito para quem, mesmo à beira da cegueira, sabe enxergar as provas que a vida propõe.
Assista e descubra qual a diferença entre um pequeno galho e um feixe amarrado e o que eles representam. Entre outras maravilhosas lições, claro.
- Deve haver alguma coisa boa em envelhecer.
- Não é bom ser cego e coxo ao mesmo tempo, mas na minha idade vi quase tudo que a vida tem para mostrar. Sei separar o joio do trigo e não me preocupar com bobagens.
O estereotipo perfeito de jovem babaca norte-americano se intromete na conversa:
- Então... O que é o pior da velhice, Alvin?
- O pior da velhice... é lembrar da juventude.
Silêncio.
É por diálogos ricos como este que vale a pena assistir ao drama dirigido por David Lynch há 10 anos. A história real, como o nome deixa claro, é um filme baseado em fatos reais. Quando descobre que seu irmão teve um derrame, Alvin (Richard Farnsworth), um senhor de 73 anos, que sofre de artrite e pouco enxerga, resolve que precisa reaver seu amor pelo irmão, após 10 anos brigados.
Sem poder dirigir e com certa aversão a andar de ônibus, ele parte de uma pequena comunidade rural da cidade de Laurens, no estado de Iowa, para viajar até Monte Zyon, Winsconsin, em um cortador de grama John Deere, 1966. Uma viagem de mais de seis semanas em um cortador de grama puxando um pequeno trailer.
Acompanhar uma viagem dessas dá muito o que pensar. Não espere dele uma resposta exata. Mostra como o tempo pode ensinar muito para quem, mesmo à beira da cegueira, sabe enxergar as provas que a vida propõe.
Assista e descubra qual a diferença entre um pequeno galho e um feixe amarrado e o que eles representam. Entre outras maravilhosas lições, claro.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Sempre fomos palhaços
Vivíamos momentos culturais e artísticos muito felizes, porém já fazíamos previsões da nostalgia que sentiríamos daqueles momentos. Éramos palhaços devidamente maquiados e fantasiados, vivendo o que imaginávamos. Logo abaixo do nariz, a boca falava – em alto e irônico tom – em efervescência poética e protestante.
Nossas palavras ecoaram pela praça pública central, bateram num espaço cultural, ecoaram em uma casa noturna, espumaram na calçada em frente ao comércio, mas adentraram mesmo nos ouvidos de amigos etilizados.
E quando cada fragmento desses se encerrava, marcávamos por fim que iríamos saudar aquilo tempos depois. Sabíamos que a sensação seria a mesma que sentíamos daqueles momentos antigos que nem sequer tínhamos vivido, mas queríamos repetir.
Não repetimos, mas fizemos alguma coisa. Se toda a nossa cara a tapa fixou na mente de alguém, deve lhes causar hoje a mesma nostalgia que sentíamos de outras aparições. E isso também nós prevíamos. Para outros deve coçar por todo o couro uma vontade de também fazer um bocado de arte.
Algo me parece estar desonesto nas previsões que fazíamos. Nostalgia, que acompanha tristeza, não é a melhor palavra. Porque aqueles palhaços, me lembro, mostraram que estavam fartos do lirismo comedido e bem comportado. Eles puseram abaixo alguns puristas. Aqueles três bobos embriagaram-se do lirismo dos loucos, do lirismo difícil e pungente dos bêbedos e do lirismo dos clowns de Shakespeare, deixando de lado o lirismo que não era libertação. E mais: eles conseguiam ser alegres o tempo inteiro.
E hoje, apesar de não escancarar palavras pela cidade, raciocinam equilibradamente pensamentos críticos por aí. Sem colocar seu nariz e sua peruca em mais ninguém, mas, num mesmo silêncio que atinge a platéia no momento em que o mágico anuncia o espetáculo, sabem rir por dentro de quem é mais palhaço.
Pois é, não é!?
Nossas palavras ecoaram pela praça pública central, bateram num espaço cultural, ecoaram em uma casa noturna, espumaram na calçada em frente ao comércio, mas adentraram mesmo nos ouvidos de amigos etilizados.
E quando cada fragmento desses se encerrava, marcávamos por fim que iríamos saudar aquilo tempos depois. Sabíamos que a sensação seria a mesma que sentíamos daqueles momentos antigos que nem sequer tínhamos vivido, mas queríamos repetir.
Não repetimos, mas fizemos alguma coisa. Se toda a nossa cara a tapa fixou na mente de alguém, deve lhes causar hoje a mesma nostalgia que sentíamos de outras aparições. E isso também nós prevíamos. Para outros deve coçar por todo o couro uma vontade de também fazer um bocado de arte.
Algo me parece estar desonesto nas previsões que fazíamos. Nostalgia, que acompanha tristeza, não é a melhor palavra. Porque aqueles palhaços, me lembro, mostraram que estavam fartos do lirismo comedido e bem comportado. Eles puseram abaixo alguns puristas. Aqueles três bobos embriagaram-se do lirismo dos loucos, do lirismo difícil e pungente dos bêbedos e do lirismo dos clowns de Shakespeare, deixando de lado o lirismo que não era libertação. E mais: eles conseguiam ser alegres o tempo inteiro.
E hoje, apesar de não escancarar palavras pela cidade, raciocinam equilibradamente pensamentos críticos por aí. Sem colocar seu nariz e sua peruca em mais ninguém, mas, num mesmo silêncio que atinge a platéia no momento em que o mágico anuncia o espetáculo, sabem rir por dentro de quem é mais palhaço.
Pois é, não é!?
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Intenção x Interpretação
Na Guarda do Embaú, uma riponga vendia uma camiseta com a frase: “Foda-se a intenção do artista”. Voltei pra minha cidade admirada com a frase e pensando em também inseri-la numa camiseta. Comentei com algumas pessoas o que tinha lido e fui provocada a interpretar a citação. Dei um foda-se a intenção do autor e fiquei filosofando.
Mas encontrei uma boa interpretação pra ela quando, no último fim de semana, viajava até Lajeado e passei por Farroupilha. Quando vi o monumento Nossa Senhora de Caravaggio depois da “plástica”, lembrei da frase e pensei: “isso sim foi um ‘foda-se a intenção do artista’”. Coitado do artesão. O povo achou que a Santa estava feia e fez com que ele refizesse o rosto dela.
Isso tudo vai além da reflexão sobre a expressão do autor da obra. É também um reflexo sobre a política religiosa que prega a igualdade, mas exige que uma santa siga os padrões de beleza impostos pela sociedade da imagem.
Foda-se a intenção da escritora deste blog e interpretem como quiserem.
Mas encontrei uma boa interpretação pra ela quando, no último fim de semana, viajava até Lajeado e passei por Farroupilha. Quando vi o monumento Nossa Senhora de Caravaggio depois da “plástica”, lembrei da frase e pensei: “isso sim foi um ‘foda-se a intenção do artista’”. Coitado do artesão. O povo achou que a Santa estava feia e fez com que ele refizesse o rosto dela.
Isso tudo vai além da reflexão sobre a expressão do autor da obra. É também um reflexo sobre a política religiosa que prega a igualdade, mas exige que uma santa siga os padrões de beleza impostos pela sociedade da imagem.
Foda-se a intenção da escritora deste blog e interpretem como quiserem.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Histórias de fusca
Meu fusca ficou dois dias e meio no médico – para outros carros, no mecânico. Nesse tempo trivial, eu lembrei de pequenas histórias que só quem tem um fusca pode contar e acreditar.
Além de regular o motor e o freio e trocar a sanfona esquerda, o fusca precisava voltar a marcar a gasolina. Quando falei com o mecânico pra saber se estava tudo indo bem com o besouro, ele me disse que eu deveria trocar o relógio e que o orçamento sairia do previsto. Foi praticamente uma facada. Não por causa do valor material. Como não conseguiria um relógio igual, eu e o fusca fomos atingidos moralmente. Não dá. Deixa o marcador estragado.
Depois de ligar para o mecânico e pedir que mantivesse o relógio defeituoso vem à memória as lembranças das cerca de 20 vezes que fiquei sem gasolina – e não é exagero.
Na primeira vez, claro, fiquei desesperada porque o motor simplesmente desligou! Na segunda, sim, reconheci de cara a falta de gasolina. Aí, é só ligar pra alguém e pedir pra trazer um galão. Meu irmão sugeriu que me descem um de presente de aniversário, junto com um funil, pra que eu deixasse sempre dentro do fusca. Noutra vez, fiquei sem gasolina, às 22h, a dez metros do posto de gasolina. Dez horas da noite? É hora de fechamento. Corri e consegui ajuda do frentista.
Mas tive dias piores. Em uma cidade que não tem posto de gasolina 24 horas, não ter um bom marcador de gasolina pode ser problema seriíssimo. Eu descia o prolongamento da avenida 25 de julho para ir para casa quando resolvi pisar fundo (devia ter largado em ponto morto). Eu acabei com a gasolina. Daí, tentei ir até minha casa em ponto morto, mesmo sabendo que enfrentaria um quebra-mola.
Eram 3h, estava a uns 500 metros da minha casa, em frente a uma fábrica de móveis, empurrando o fusca pro acostamento. Eu e meu notebook dentro do fusca no acostamento, às 3h da manhã. Primeira ligação: o celular encontra-se desligado. Segunda ligação:
- Mãe! Vem rápido aqui na frente da Florense, com uma corda, pra me buscar que eu fiquei sem gasolina.
Poucos minutos depois, chega a Dobló.
- Trouxe a corda?
- Não! Deixa o fusca aí e vamos pra casa comigo!
- Eu não vou deixar o fuca aqui!
Segui até a fábrica. Encontro os vigilantes noturnos.
- Vocês têm uma corda pra emprestar!?
Depois de ouvirem, com sorrisos tímidos, uma boa discussão entre mãe e filha, chega um prestativo com a corda e segue até os carros para fazer o favor completo.
O fusca foi pra casa. Não entrou na garagem. Mas ficou protegido na frente de casa.
Tudo isso é pra dizer que quem sai com carro zero logo de cara, não vai ter tão cedo umas histórias como essa pra contar.
Além de regular o motor e o freio e trocar a sanfona esquerda, o fusca precisava voltar a marcar a gasolina. Quando falei com o mecânico pra saber se estava tudo indo bem com o besouro, ele me disse que eu deveria trocar o relógio e que o orçamento sairia do previsto. Foi praticamente uma facada. Não por causa do valor material. Como não conseguiria um relógio igual, eu e o fusca fomos atingidos moralmente. Não dá. Deixa o marcador estragado.
Depois de ligar para o mecânico e pedir que mantivesse o relógio defeituoso vem à memória as lembranças das cerca de 20 vezes que fiquei sem gasolina – e não é exagero.
Na primeira vez, claro, fiquei desesperada porque o motor simplesmente desligou! Na segunda, sim, reconheci de cara a falta de gasolina. Aí, é só ligar pra alguém e pedir pra trazer um galão. Meu irmão sugeriu que me descem um de presente de aniversário, junto com um funil, pra que eu deixasse sempre dentro do fusca. Noutra vez, fiquei sem gasolina, às 22h, a dez metros do posto de gasolina. Dez horas da noite? É hora de fechamento. Corri e consegui ajuda do frentista.
Mas tive dias piores. Em uma cidade que não tem posto de gasolina 24 horas, não ter um bom marcador de gasolina pode ser problema seriíssimo. Eu descia o prolongamento da avenida 25 de julho para ir para casa quando resolvi pisar fundo (devia ter largado em ponto morto). Eu acabei com a gasolina. Daí, tentei ir até minha casa em ponto morto, mesmo sabendo que enfrentaria um quebra-mola.
Eram 3h, estava a uns 500 metros da minha casa, em frente a uma fábrica de móveis, empurrando o fusca pro acostamento. Eu e meu notebook dentro do fusca no acostamento, às 3h da manhã. Primeira ligação: o celular encontra-se desligado. Segunda ligação:
- Mãe! Vem rápido aqui na frente da Florense, com uma corda, pra me buscar que eu fiquei sem gasolina.
Poucos minutos depois, chega a Dobló.
- Trouxe a corda?
- Não! Deixa o fusca aí e vamos pra casa comigo!
- Eu não vou deixar o fuca aqui!
Segui até a fábrica. Encontro os vigilantes noturnos.
- Vocês têm uma corda pra emprestar!?
Depois de ouvirem, com sorrisos tímidos, uma boa discussão entre mãe e filha, chega um prestativo com a corda e segue até os carros para fazer o favor completo.
O fusca foi pra casa. Não entrou na garagem. Mas ficou protegido na frente de casa.
Tudo isso é pra dizer que quem sai com carro zero logo de cara, não vai ter tão cedo umas histórias como essa pra contar.
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